quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Da Criatividade

Hoje estou naqueles dias em que me sinto mesmo grata, por perceber que aquilo que faço vai tendo o seu valor. Ser criativo, tal como todas a profissões, tem aqueles momentos chave, em que uma decisão pode ser o sucesso ou o fracasso de um processo. 

Pediram-me para criar uma marca, relacionada com arranjo de bicicletas. Mostraram-me umas propostas que já tinham, de outro colega designer e, como não era aquilo que tinham em mente, procuraram-me, dando-me o voto de confiança de que eu iria superar um trabalho que já tinha sido feito. E eu, descrente da minha capacidade, disse-lhes que não sabia se iria conseguir fazer melhor. Porque acho que fazer logos não é aquilo que faço melhor. Acho que cada um deve reconhecer as suas limitações. Prefiro criar milhentas outras coisas.

Lá fui, descrente, mergulhar no universo das bicicletas, para tentar ver uma luz ao fundo do túnel, tentando perceber como havia de pegar naquilo de uma maneira diferente da que já tinham apresentado e procurando a minha maneira. Horas sem fim, a tentar encontrar uma ideia que servisse como a primeira peça do puzzle. Pensei muitas vezes que não ia conseguir. Rabisquei umas ideias que não davam em nada. Perdida num mar de hipóteses vagas e dispersas.

Mas como em tudo, cheguei ao fundo e quando estava desesperada a pensar que nenhuma ideia emergia, que não havia nada que eu encontrasse para pegar, ser original e conseguir surpreender, pensei para mim que não era uma desistente. Que era ridículo estar sequer a colocar a hipótese de não apresentar o quer que fosse. Recriminei-me por estes laivos de cobardia e fraqueza se terem apoderado dos meus pensamentos. 

Respirei fundo e pus um ponto final naquele espírito derrotista. Meti a cabeça em ordem e foquei-me na ideia de que tinha, e ia conseguir e ia deixar-me de mariquices. E, curiosamente, no imediato segundo seguinte, faz-se luz, visualizo uma imagem, um esboço mental daquilo que viria a ser a minha proposta. Começo a desenhar o simbolo, depois a encontrar a fonte e por fim, um toque final de um elemento que os clientes gostavam que tivesse. E finalizo o logo.

Proposta enviada, proposta aceite. Adoraram! Tiro certeiro!

"O teu logo transmite mesmo aquilo que tínhamos em mente", disseram!

Moral da história: Nunca deixem de acreditar de que são capazes, mesmo nos momentos de maior fraqueza. Não me envergonho de os ter, porque são estes momentos que nos fazem repensar, ganhar fôlego e a reunir forças que estavam lá e não sabíamos. É curiosa a força que os maus pensamentos têm na clareza das ideias. E agora rio-me de mim própria por ter pensado desde o início que não ia conseguir. 

Que parva que sou... 

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